domingo, 11 de abril de 2010

BOLERO

num tempo de silêncio entre pontos de palavras
a pausa exata era a razão do nosso encontro

passei veloz
quebrei as barreiras
apaguei as fronteiras
e desviei o curso de muitos rios pra poder te encontrar
ficar frente a frente

pedras monolíticas
incólumes
diante da tempestade de olhares agudos de terror
ao perceberem que o amor sempre esteve ali em segredo
e agora batucava, cantava, rodopiava
seguro do equilíbrio
dançando entre as pernas esticadas sedentas pelo tropeço

mestre-sala
capoeira
cantor de cabaret
brilho barato
purpurina
gota d'agua na retina
era tudo isso

cauby cantando pela última vez
o cantor e a voz
apenas
essa comunhão

cigarra esperando a morte
grita amor, grita mais forte

eu sei que não vamos parar
sou a bala do revólver da mulher apaixonada que deseja morar no seu coração

grita amor, grita

sol morrendo deixa mais bonito o morro dois irmãos

grita amor, canta
desafina pra eu aplaudir

vamos existir pro mundo
ser lembrança quando tudo acabar
a maré encher
o rio inundar
a cidade escorrer
a terra tremer
a bomba explodir
e a barata sobrar

Nenhum comentário:

Postar um comentário