quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A PEDRA MONUMENTAL

o quarto
ensolarado... as paredes brancas... as peles claras... os lencóis lavados...
espaços à espera de ocupação.
estou acampado
caminho no campo minado sem medo da explosão

lá fora
as pequenas jabuticabas ainda flores...
a língua quente de café
meu corpo curioso
pra sentir o próximo toque
ver se dá certo
se faz tremer e gostar

lá dentro
os livros á venda prometem futuros...
é só escolher
esqueça o título
atente a cor da capa
decida pelo número de páginas e arranque a que mais gostar
corra o risco de roubar e ser pego
te espero na porta pronto pra correr
a barriga doendo de tanto rir
a fuga. o beijo.................... o gosto que sobrou na boca

meninos
brincam de cabana
-bom é esconder e achar dentro do quarto, lá dentro, lá fora e no peito
onde você aparece e some
onde corro atrás das pistas que você deixa só pra me enganar
onde mora o desespero de fixar o olhar na sua figura
e chega o momento adiado onde acaba a história

sozinho
fico parado naquele espaço
onde a pista de mão dupla dividiu a pedra monumental
vejo no alto do tunél santa bárbara duas palmeiras imperiais
tudo aqui é distância
e o barulho dos automóveis e suas buzinas
amplificam a minha solidão

PRESENTE

corajoso, não se cansa
mergulha perto dos rochedos
mergulha sem medo
afunda mais
até a maré levar
oxum, yemanjá, yansã vieram aceitar
é do amor que elas gostam
esquecem perfumes, jóias, espelhos e pentes
esquecem os presentes
lembram apenas de ninar
o profundo amor que adormece
esperando você acordar

CUIDADO: ESSA PAGINA CONTEM ERROS GRAVES DE PORTUGUÊS E DIGITAÇÃO

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O CASAMENTO DE JULIA

Julia vai casar
mas não é ela quem sobe ao altar
em dias de felicidades
todo egun vem festejar
meu avô, irmão de Julia
bebe entre os convidados, ri dos desesperados invejosos misturados aos alegres que levantam a todo instante as taças de champagne
tudo é reunião
tudo é ritual
Julia queria que a aliança fosse mais que de ouro
fosse mais que a simples jóia
ela queria a fusão
a transformação dos olhos
e o corpo preparado pro salto e a queda
e a própria vida rindo da morte
julinha morreu de tuberculose
dias antes do casamento
era AMOR
o peito atolado de amor
não resistiu
e a noiva desapareceu
meu avô contava
e ninguém percebeu a dor nos olhos verdes
a voz que diminuía
o silêncio que revelava
eu sei
e vejo Julia no altar
pronta pra casar
sem dor nem mágoa
julia não é fantasma
é a flor do buquet
as gotas de água benta
é o corpo e sangue de cristo
é o meu próprio sangue
é a brisa fresca e o perfume entre os convidados
e esse humilde rabisco apaixonado
querendo mais uma vez amar