quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O CASAMENTO DE JULIA

Julia vai casar
mas não é ela quem sobe ao altar
em dias de felicidades
todo egun vem festejar
meu avô, irmão de Julia
bebe entre os convidados, ri dos desesperados invejosos misturados aos alegres que levantam a todo instante as taças de champagne
tudo é reunião
tudo é ritual
Julia queria que a aliança fosse mais que de ouro
fosse mais que a simples jóia
ela queria a fusão
a transformação dos olhos
e o corpo preparado pro salto e a queda
e a própria vida rindo da morte
julinha morreu de tuberculose
dias antes do casamento
era AMOR
o peito atolado de amor
não resistiu
e a noiva desapareceu
meu avô contava
e ninguém percebeu a dor nos olhos verdes
a voz que diminuía
o silêncio que revelava
eu sei
e vejo Julia no altar
pronta pra casar
sem dor nem mágoa
julia não é fantasma
é a flor do buquet
as gotas de água benta
é o corpo e sangue de cristo
é o meu próprio sangue
é a brisa fresca e o perfume entre os convidados
e esse humilde rabisco apaixonado
querendo mais uma vez amar

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